Há muitos anos atrás, na busca de responder perguntas que me atormentavam, encontrei um homem com idade bem avançada, que proferia uma aula de matemática, no meu curso de contabilidade.

Eu nem poderia imaginar que um dia seria um contador, afinal tudo aquilo que estava aprendendo não fazia parte de nada que eu queria para minha vida.

Mas isso não tinha muita importância, afinal naquela época, o importante para os pais, era que o filho tivesse uma profissão para garantir o seu sustento.

Naqueles dias trabalhar em banco oferecia status, aquele terno e gravata, não passava de uma fantasia para esconder todas as nossas frustrações.

Sem perder o foco…

Aquele professor de matemática era diferente, chamava muito minha atenção seu modo peculiar de oferecer conhecimento sobre os números.

Exemplo:

Dizia que o número “Zero”, foi incorporando na matemática muito recentemente, e quando observamos ele na história da humanidade, vemos que ele tornou nosso mundo muito mais sutil.

Uma batalha que levou 1500 anos, até ser considerado um número de verdade. O sistema numérico dos Babilônicos a 300 AC, era posicional, exatamente como o nosso sistema hoje, o número 2 quando acrescentado ao 5, torna-se decimal, formando o número 25, mas quando chegasse nos centesimal, o número 205, era representada por um espaço entre o 2 e o 5, ficando assim 2  5, e o incrível era que os Maias a 12.000 km de distância tiveram a mesma ideia.

Só que havia um problema, representar o vazio era necessário, pois não era possível determinar quanto de espaço ficaria entre os números, um pouco mais ou um pouco menos não poderia satisfazer uma ciência exata, então foram em busca de um símbolo que pudesse representar o “zero”.

No mundo Maia, surgiram várias representações, como um desenho de uma cabeça, de uma folha ou flor, ou até uma figura desconhecida, era como se fosse uma virgula do nosso sistema decimal, é um símbolo que divide a posição dos números, mas não é um número. Criar um símbolo para o “zero” era imperativo, mas o conceito que iria defini-lo foi brilhante, e isso só aconteceu 1000 anos depois e na Índia.

Devemos considerar o povo Indiano na sua história e suas crenças, pois para eles o conceito de nada e de eternidade era fundamental, – O Universo nasceu do Nada e a volta ao Nada é o objetivo final da humanidade – por isso, se adaptar ao “Zero” como vazio não foi problema.

Mas a história também afirma que o símbolo do zero era a representação de um círculo que representava o “Ouroborus” a serpente engolindo o próprio rabo, e não parou por aí, outros dizem que essa representação era de uma pedra que fora retira do chão onde ficou um buraco em forma de círculo, uma representação de movimento de alguma coisa para nada. Foi no século XV que o “Zero” sofreu sua maior derrocada, e foi proibido seu uso pela Igreja Católica, afinal o “Zero” indicava o “Nada”, um mundo sem Deus.

Foi necessário séculos de batalhas religiosas, filosóficas e científicas para que o “Zero” pudesse transcender a matemática mudando para sempre a física, a química e a biologia, onde o “Zero” deixou de ser o “Nada” e transformou-se numa das maiores invenções da humanidade. Fim do exemplo.

Aquele professor era diferente, percebe? Foi então que me aproximei dele, e ao perceber minha sede de conhecimento não matemático, ele me disse que me daria um presente, o que aguardei.

Foi então que ele me deu uma caixa pequena e vazia, e me disse que levasse ela comigo onde eu fosse por uma semana, e que a trouxesse na próxima aula, e foi quando ele me disse para tirar da caixa um coelho.

Disse que era impossível, afinal ele me dera uma caixa vazia, e só pediu que a trouxesse de volta, estando a caixa vazia não poderia tirar nada dela.

Então o professor de matemática ensinou-me uma das mais importantes descobertas que fiz:

“Só podemos tirar alguma coisa da caixa, se colocarmos alguma coisa na caixa”.

Não podemos tirar nada de dentro de nós que não tenhamos colocado.

Definição para caixa: Receptáculo para guardar e transportar coisas.

Sinônimos para caixa: Caixão, esquife, baú, caixote, canastra, estojo, Arca.

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