O ser humano é memória.

Quando tentamos nos localizar no tempo e no espaço, para justificar a nossa existência, é preciso se perguntar:

O que está atrás de tudo isso? Que trajetória me trouxe a esse lugar? Qual o suporte histórico que constrói esse hoje.

Para responder a essas perguntas precisamos olhar para trás.

Não há possibilidade de se compreender sem observar o seu histórico, observar a sua biografia.

Quando fazemos isso, o passado torna-se uma bagagem desconhecida, mas uma coisa que insiste em se fazer presente.

Essa relação de presente buscando o passado não é tão simples.

O ser humano que está presente é o ser humano do passado, são todas as experiências do passado vivendo no presente.

Fica muito claro que passado e presente são a mesma coisa, ou seja: o passado emerge no presente.

O que importa não é o passado factual, mas o passado que se apresenta, que se manifesta.

Esse passado que não quer ficar no passado, precisa ser compreendido, senão adoecemos.

Fazer uma investigação criteriosa existencial, é de extrema importância pois assim estaremos cuidando dos motores da vida presente, afinal um motor deficiente não pode te levar longe.

Estamos olhando o tempo todo para trás, na tentativa de compreender, organizar e dar um significado para o que se viveu.

Não é só o passado que dá sentido ao presente, mas o presente dá sentido ao passado.

O passado é significado no presente.

É vivendo à luz de novas experiências que podemos dar um novo significado às nossas experiências já vividas, àquelas que estão travando nossos motores para seguirmos nossa viagem para o futuro.

Há uma inversão no tempo, o presente influencia o passado, o passado é vivido no presente e ressignificado.

O passado passa a ser experimentado de um modo tão novo que não é exagero dizer que ele foi alterado.

O presente é uma memória, uma meditação da própria vida, e quando fracassamos em dar uma coerência para a nossa história, nosso motor começa a falhar.

A vida é uma narrativa, e precisamos contar bem a nossa história, para nós mesmos e para aquelas pessoas que nos são importantes.

Quando há uma fragmentação na nossa narrativa, perdemos o fio condutor e adoecemos.

Somos contadores de nossa história, guardamos no íntimo a razão dos fatos e a lógica que rege a narrativa.

O presente e o futuro.

O ser humano é projeto.

Um passado sem coerência e significado, faz com que o futuro se apague.

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