Tudo o que está nos evangelhos, no antigo testamento e nos livros religiosos, é apenas uma expressão rica, mas uma expressão de uma época. A posição sobre a mulher, a posição sobre o poder do homem, sobre a sexualidade, sobre o casamento, do homem sobre o casamento, eram apenas uma expressão de um momento. Uma expressão ruim para os dias de hoje, mas muito adequada ao momento da história. “Veja bem como as mulheres são menos inteligentes do que os homens”. Quais as grandes pintoras, quais as grandes escritoras? Eles são homens. As evidencias esmagam os argumentos das mulheres. Na Inglaterra e na França, até o século XX, as mulheres não podiam escrever a não ser que os maridos autorizassem. Primeiro não podiam aprender a ler e escrever, depois precisavam de autorização para escrever. Primeiro privam-se os meios de comunicação e depois crivam-nas de incompetentes. Agora observem nos últimos 50 anos, nas artes, na psicanálise, na literatura, a expressividade das mulheres. Lamentar que o analfabeto não tenha escrito alguma coisa, é ser dotado de completa ignorância. Poucas pessoas, tem ideia da história das guerras, onde as mulheres iam junto, haja visto a saga de Anita Garibaldi, essa invisibilidade da mulher na história, das inglesas e francesas excluídas da história, como conta Michelle Perrot no seu livro “excluídos da história”. Em 1970 as feministas, na cerimonia do tumulo do soldado desconhecido, elas levaram outra coroa da mulher do soldado desconhecido. O papel das mulheres nas guerras, não nas trincheiras, mas no suporte da família, dos soldados que retornam, nas sequelas dos maridos, no crescimento dos filhos que sofreram dos traumas dos pais pós-guerra. Existe uma foto da guerra do Vietnã, onde uma mulher armada de fuzil apontando para um soldado americano com as mãos para o alto, ficou famosa. As meninas na minha época que iam fazer teatro se quisessem representar heróis teriam que representar personagens masculinos. As bruxas eram as medicas dos pobres, que através das ervas, das cascas das plantas, e dos venenos que em pequenas quantidades transformavam em antídotos. Na Europa os médicos da aristocracia eram homens, e era uma medicina muito voltada para a astrologia, até apoiados em conceitos místicos. De sobremaneira as mulheres tinham melhores resultados utilizando as técnicas rudimentares que a natureza oferecia, e conseguiram assim chamar a atenção também da aristocracia. Na realidade essas medicas dos pobres eram chamadas de bruxas, e dividiam-se em três categorias: As medicas dos pobres, as mulheres que ousaram a mediação com o divino ou sacerdotisas, e as mulheres que praticavam o sexo livre. As mulheres que não se adequaram às normas sociais eram chamadas de bruxas. Essas mesmas mulheres taxadas de bruxas e hoje seriam chamadas de subversivas, adquiriram tanto poder que incomodou a igreja católica, com uma certa concorrência com a ideia salvacionista do mundo. Essa grande disputa pelo poder iria se chocar diretamente com a igreja. Existe uma relação inteligente que causa um sofrimento sem tamanho. A licença poética das endemoninhadas ou demonizadas das bruxas de Salem, conseguem dizer palavrões às mães, afinal estão possuídas, uma questão interessante quando é apenas uma expressão de liberdade da mulher em expressar seu sentimento, onde a hierarquia eclesiástica considera demonização. O canibalismo então taxado após o descobrimento do Brasil, tratando os costumes indígenas, vem dar uma ênfase nos caldeirões das bruxas mais tarde na Europa. Tinham os indígenas o costume de usar caldeirões para ferver ervas ou bebidas que preparavam seus guerreiros para a guerra, destilados causando um certo furor ou encorajamento para seus guerreiros. Também usavam esses mesmos caldeirões para cozinhar as vísceras dos prisioneiros para causar forte impressão naqueles que mais tarde seriam soltos para levarem a informação aos seus opositores de comiam seus prisioneiros. Essa forte impressão é levada até a Europa, que de fantasia em fantasia leva os clérigos a categorizar o mesmo ritual para as mulheres então chamadas de médicos dos pobres. As estrelas de hollywood, esse feminino agora dotado de glamour, gera um novo movimento, são as primeiras a dar um rosto para um estereótipo, Betty Davis, Mary Pickford, Greta Garbo, vão criar uma imagem para a nova mulher que desponta no início do século XX. Essas mulheres representando um papel dentro e fora das telas, demonstrando uma nova imagem para a mulher, de sagacidade, esperteza e inteligência, e principalmente de liberdade. Essas mesmas mulheres voltam a dar um caráter subversivo, transformando uma sociedade, mulheres que fumam, dirigem tomam iniciativa ao parceiro sexual. Primeiro foram os homens, diretores, produtores, escritores homens, para a mulher rebelde ou não para atender o masculino. Quando uma mulher atinge um poder surpreendente dentro da indústria cinematográfica, ela passa a escolher o roteiro, o diretor e o galã com que vai trabalhar, há uma inversão no jogo do poder, onde ela vai passar a ser a grande protagonista da sua própria história. Como exemplo temos Mary Pickford, que de atriz mais tarde torna-se produtora e diretora de filmes. As sociedades mudam, elas vãos se construindo de se desconstruindo ao longo do tempo, a história não está no controle de determinado grupo por mais que eles tenham poder. O controle da natureza e do sobrenatural, a disputa do masculino e do feminino buscando o controle e o poder, através da ciência do medico e da fantasia da bruxaria. O casamento é uma tentativa de controlar as relações sociais entre homem e mulher. Erving Goffman sociólogo canadense dizia que o grande o ópio do povo não é a religião, mas sim o gênero. A história não é tão simples assim, e as mulheres não estiveram tão submetidas ao olhar masculino, mas que existe um lado de sujeito e protagonismo nas mulheres, e que apenas não foi contado pela história. O grande movimento de incorporação da mulher no meio masculino veio no ano de 1870 na segunda revolução industrial na Europa, as fazes de ampliação e produção no meio industrial aumentava cada vez mais o trabalho feminino junto com o masculino, e isso irritava os homens. Nas crises